quinta-feira, 7 de agosto de 2008

São crianças como você


Criei esse blog para poder falar das vergonhas que assolam nosso país. Falar dos crimes cometidos por pessoas que nos representam nas assembléias, câmaras e no palácio do planalto. Mas em datas comemorativas eu abro uma exceção.

O Dia dos Pais está chegando e festejar a existência da figura paterna nunca saiu de moda. Mas a fixação de uma data para homenagear o pai começou há um século, aproximadamente. A idéia partiu de uma senhora chamada Louise Smart Dodd, que tinha o desejo de ter um dia especial para homenagear o pai, Willian Smart.

Willian tinha vários motivos para ser homenageado. Veterano da Guerra Civil Americana, perdeu a esposa e teve que criar sozinho seis filhos pequenos numa fazenda com o suor do seu trabalho.

Nesses cem anos, nossa sociedade passou por grandes transformações. Recebemos dos pais sessentistas uma rica herança. Claro que têm suas falhas, suas limitações. Mas podemos contar muito mais pontos positivos do que os negativos.

Só nos últimos cinqüenta, vimos o Brasil dominar o futebol e ser campeão cinco vezes. Mas vimos também a ditadura tomar posse do nosso país como se fosse o quintal de sua casa.

Eram jovens bem diferentes, lutando para tirar da boca a mordaça e gritar bem alto “liberdade”. Mas viram calados o jornalista Vladimir Herzog ser enforcado e cair na frente dos seus algozes. Por outro lado, sabemos que a tentativa de calar a razão foi em vão ao ver nascer um símbolo da luta contra a repressão.

Nesses últimos cinqüenta anos, a arte brasileira, vaidosa como sempre, mostrou sua face mais delicada e assim surgiu o tropicalismo com Caetano e Gilberto Gil – esse eu prefiro cantando que “politizando”. Tom, Vinicius e João Gilberto com um banquinho e seu violão e assim fizeram surgir a Bossa Nova.

Mulheres queimaram sutiãs em praça publica dizendo “BASTA” de repressão sexual com o surgimento da pílula anticoncepcional que trouxe junto a liberdade sexual que todos nós desfrutamos.

Hoje esses “jovens”, são pais cinqüentões, sessentões que tiveram seus filhos no auge das transformações que, acreditavam, mudaria o nosso país. Eram jovens com força de vontade, com determinação. Um pouco despreparados, mas com sede de mudanças.

E nós, jovens ou futuros pais? O que vamos deixar de herança para nossos filhos? Alguns ainda são crianças, bebês ou nem nasceram. Qual o futuro, que nós, futuros pais, deixaremos?

Olho para a minha geração e vejo que estamos passando pela história sem acrescentar nenhuma linha. Ligamos a TV e vemos garotas de todo tipo de fruta. O talento? Um belo bumbum, grande e rebolativo.

Nossas músicas se resumem em uma única palavra: “creu!”. E assim se faz sucesso nesse mundo alienado e permissivo. Os pais de hoje deixaram de ser alicerces das famílias e passaram a ser o estorvo. Drogas, álcool e todo tipo de alucinógenos para fugir de uma realidade sofrida em cada favela ou comunidade, como muitas ONGs gostam de usar.

Somos roubados a todo instante pela casta política que furta nosso direito à saúde, educação, moradia e, com isso, tiram a nossa cidadania. Mas, não nos preocupamos e na próxima eleição votamos rapidamente para voltar logo para casa e aproveitar o almoço de domingo.

Cobrança mesmo só no futebol. Juntam-se dezenas de torcedores insatisfeitos – pais ou futuros pais – e partem para os sopapos com jogadores cobrando mais disposição.

Invertemos os valores e nem sabemos para onde estamos sendo levados.

Qual o caminho? A resposta esta dentro de cada um quando deseja um mundo melhor para o seu próprio filho.


3 comentários:

Marcella disse...

Oi, Alê.
Parabéns pelo texto !
Lembro de ter ouvido das avós das minhas amigas que, na época delas sentiam-se protegidas quando seu namorado ficava na calçada, no lado que dava pra rua para que nenhum carro passasse numa poça de água e molhasse o vestido da amada...Eles desciam as escadas na frente das mulheres e subiam depois delas para ampará-las caso caíssem... Respeito, honra... Depois disso, alguns homens foram deixando isso para trás então o que importava (para eles) eram os cavalos que o carro possuía... o tamanho do pau... Já no nosso tempo os "caras" (sim, "caras", porque "homens"...)de hoje medem sua virilidade na quantidade de Megas e Gigabytes do seu computador... (Oh... velocidade e capacidade de armazenamento é tudo !). Outro dia vi um cara todo orgulhoso porque sua filha já tinha aprendido a dança do créu... tinha até gravado a música no seu mp3 e dançava "tão bonitinha"... Que nojo !! Esses "valores" bombardeiam a sociedade que, despreparada, engole toda essa porcaria de cultura massificada e aceita como sua... Nas novelas, ninguém trabalha e tem carro do ano. A gatinha usa sempre a roupinha da moda e o garotão é sempre o gostosão, lindo e maravilhoso e tão romântico que dá dó... Está na hora das pessoas olharem para suas vidas, saberem o que realmente elas querem e lutar para que aconteça e parar de achar que as coisas são todas lindas e que vêm fácil, como nas novelas, que faz com que o telespectador acredite que ele não precisa de valores. Acho que é isso...
Beijocas da Marcella.

Unknown disse...

Meu vellho, tudo bem com você?

Refletindo em cima de sua postagem é fácil abrir os olhos e enxergar toda a sugeira que principalmente a mídia televisisa joga em nossas telas. Lamentável.
Nossa sorte é contar com a tecnologia e ter o poder de trocar de canal ou mesmo clicar em "power".

Bom mesmo é nosso velho e companheiro rádio. A magia que criamos é fantástica e pensamos bem no que vamos falar antes de entrar no ar. Hoje em dia nem tanto, pois como você mesmo comentou "somos praticamente uma vinheta na programação", mas mesmo assim, não lançamos qualquer palavra sem antes pensar em como ela soará para nossos ouvintes.

Alê, hoje tive tempo para ler um pouco mais sobre seus artigos. Parabéns meu irmão!

Um abraço do bom e velho brother,
Marcelo Gomes.

Ah. Tem áudio novo em: http://groups.google.com.br/group/marcelogomeslocutor

elizabeth costa disse...

oiee Ale faz tempo q eu não deixo comentário né, mas vc sabe o q houve...
parabéns pelo texto vc sempre escreve mto bem...
o q será de nossos filhos?
terão uma vida numa feira né...
aí eu tento me lembrar de caetano, elis regina, pessoas q fizeram a diferença em seus estilos e me dá uma vontade louca de tb fazer a diferença...
bjssss