segunda-feira, 17 de março de 2008

VOTO

Todos nós, ricos ou pobres, brancos ou negros, independente da idade, temos nossos deveres e direitos. Mas a balança da cidadania esta quebrada há muito tempo. Nossos direitos estão sendo tolhidos, cerceados e a cada dia nos tornamos vítimas de uma classe mesquinha e improdutiva: a dos políticos! Na década de 80, mais precisamente em 1985, foi dado o direito do voto ao analfabeto – um tema que causou e ainda causa muita discussão. Os contrários ao voto dos analfabetos sustentam que a pessoa que não sabe ler e escrever não está apta a escolher seus dirigentes, constituindo-se em frágil massa a ser manobrada pelos mais letrados. O ex-ministro Carlos Maximiliano sintetizava a posição dos defensores do voto somente ao alfabetizado, afirmando que falta ao analfabeto o controle de seu voto, podendo ser conduzido a eleger quem não gostaria de ter no poder, estando sujeitos ao famoso voto de cabresto, mas talvez de uma forma mais disfarçada.
Estamos atolados em políticas assistencialistas justamente pela usurpação de políticos de índoles duvidosas, de atitudes suspeitas e vontade de permanecer eternamente no poder. Lembro que era criança quando essa lei foi aprovada. Muitas pessoas comemoravam a liberdade, o acesso às urnas. A idéia a princípio era frutuosa e jogava uma luz sobre a democracia. Mas, passados 23 anos (três anos depois teríamos a primeira eleição direta para presidente), vemos que foi uma manobra de massa e de acordos para que o curral eleitoral fosse mais numeroso. Mesmo sendo facultativo, o voto do analfabeto tem grande peso na decisão de quem governa o país ou os estados. Somos vítimas de oportunistas da nossa sensação de liberdade e pagamos o preço da escolha de pessoas despreparadas.
Há alguns anos também é facultativo o voto do menor de 16 anos. Deram a eles um dever disfarçado de direito. Como é possível escolher líderes da nação, governadores, prefeitos e não ter o direito de dirigir, por exemplo? Como escolhem os “fazedores” das leis e não são punidos pelas mesmas? Lideram atrocidades, estupram, saqueiam, matam e, vejam só, são chamados de transgressores. Sociedades evoluídas aderiram ao voto facultativo numa clara demonstração de evolução e liberdade de escolha. Estados Unidos, França e Canadá são algumas das sociedades que deixaram nas mãos dos seus povos a escolha de votar ou não justamente por terem uma educação melhor acima de tudo.
Precisamos melhorar a vida dessas pessoas para então oferecer a elas uma participação efetiva no pleito eleitoral e assim deixarmos de nos enganar com essa postura positivista que adotamos dos franceses. Como já sabemos, a educação liberta e com ela dificilmente seríamos enganados com uma carteira, pochete ou bolsa família.

2 comentários:

Marcella disse...

Oi Alê, belo texto !
O que mais me incomoda é que, enquanto não houver investimento sério na educação desse país a politicagem correrá solta como sempre ocorreu e as pessoas, os cidadãos carentes de educação votarão, realmente, por um bolsa família qualquer aí, por um par de chinelos, por um prato de comida. O que me deixa mais triste, porém é que o candidao menos votado na última eleição para presidente da República era o que mais falava em investir na educação deste país e deixava claramente o que pretendia com relação à educação e sua importância... Mas tudo bem, não é mesmo ? Quem se importou ? Com o povo continuando burro, continua a corrupção... a impunidade... a violência... o lixo nas ruas... a falta de hospital... o aumento de impostos... E o nosso dinheiro vai parar nas cuecas, na Argentina, na decoração de apartamentos de reitores e em seus carros luxuosos... E o povão vai pra onde ? Não sei, mas que vai num sistema viário precário, vai. Vai ficar quarenta minutos num ponto de ônibus esperando uma condução sem freio, como a ignorância de quem está atrás do volante, ah... isso vai...
Por enquanto é isso.
Beijos da Marcella.

Brechó Cabaret disse...

Oi Alê!
Espero que a professora valorize seu texto, que está muito bom. Abraçao. Acacio