domingo, 8 de junho de 2008

VERDE QUE TE QUERO VERDE


Para quem acostumou a acessar esse blog, deve estranhar em não encontrar nesta postagem as tradicionais criticas sobre nossa política. Resolvi aceitar as sugestões de diversos amigos da faculdade que me pediram para escrever algo diferente, leve, que desse um alívio para os leitores e fizesse cada um sentir uma vontade de voltar ao tempo, para quem aproveitou a época, e trazer o gostinho do que poderia ter vivido para quem não teve a mesma oportunidade.

Se você pensa em um banco toda vez que alguém fala em praça, é porque já provou a sensação de ficar sentado ali sem ter que dar satisfação a ninguém. Só olhando o jardim e deixando o verde fazer a sua parte. Há quem diga que as praças são templos a céu aberto. Concentram uma energia que acalma e convida os solitários a permanecerem em silêncio.

Esses cantinhos - muitas vezes descuidados pela vizinhança ou prefeitura - já serviram de inspiração a diversos cantores.

Num giro pelas principais praças dessa megalópole chamada São Paulo, resgatamos os bons momentos já vividos por seus freqüentadores. O sabor de nostalgia é comum para muitos que viveram esses tempos e guardam em algum lugar da memória o passeio no fim de tarde, ou footing, como eram chamadas as voltas em torno do coreto, quando as moças iam em uma direção e os rapazes na outra, só para cruzarem os olhares.

Falar de praça também é ficar com água na boca ao lembrar da pipoca que acabou de estourar, ou do algodão-doce, que derrete macio. E não podem faltar as árvores frutíferas - o pé de pitanga, de jabuticaba ou de amora, que perfumam o ar e colorem o chão. A sensação de colher as frutas no pé só se equipara ao sabor da diversidade.

Puxar uma prosa numa praça é fundamental. Os assuntos são os mais variados possíveis. Se está sol ou não, a aula de tai chi chuan que nos dá a impressão de que o tempo passa devagar, tal qual os movimentos de quem a pratica.

Se a praça pode revitalizar a cidade, um cinema ou um teatro podem revitalizar a praça.

Quem freqüenta a Praça Roosevelt, no centro de São Paulo, pode conferir um dos cinco teatros que iluminam o local. Eles foram os responsáveis por gerar vida cultural noturna ali depois da revitalização daquela região. E o melhor: moradores de rua foram admitidos para trabalhar nos teatros. A história da praça violenta está mudando. Agora está mais para praça de criação.

A canção dos Tribalistas define a praça: "... todo mundo me quer bem / eu sou de ninguém / eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também" Imparcial e aberta, acolhedora como a natureza, ela aceita quem quiser entrar. Área livre para todos, enquanto o verde faz sua parte e regenera nossas energias. Esqueceu como é? Então talvez seja à hora de calçar um par de sapatos confortáveis, convidar o namorado ou a namorada e escolher uma praça para passear.

3 comentários:

Marcella disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marcella disse...

Oi Alê!
Quando penso em praça, penso em pic-nic, em grama, penso no Sol quente que acaricia a minha pele e que em pouco tempo me expulsa para a sombra... que então me expulsa para o Sol... A Praça Roosevelt está longe disso... nem verde tem e a revitalização da Praça está muito lenta. O que aconteceu rápido mesmo, foi a vinda dos teatros a partir do ano 2000, que agitou a vida noturna, fez sorrir os lábios dos comerciantes e expulsou os moradores de rua para outra praça...
É isso...
Beijos da Marcella, sempre !

CarraraJane disse...

Quando eu era criança no bairro do Ipiranga não era bem uma praça, mas eu e minha família todos os domingos após o almoço iamos tomar sorvete da kibon no jardim do Museu do Ipiranga. Hoje eu entendo os olhares que foi citado pelo Alexandre, era uma explosão plena de pudores que queriam ser usurpados. Moças e rapazes buscando entre uma volta e outra em cada jardim, chamar a devida atenção, eu me lembro bem os rapazes levavam suas Sonatas ( era como se chamava o aparelho de som da época), e cada qual colocava na medida do possível o som mais alto só para chamar atenção das garotas que ficavam dando volta nos jardins a tarde inteira.
Vieram outras praças, a da Padaria Amália na Av. Vl Ema foi bacana e importante tb, êta saudade!!!!, pena que hoje em dia não podemos mais nos dar ao prazer desses momentos.

É isso.
Abraços