SUPLENTES

Existem tantas práticas moralmente incorretas na política brasileira que dificilmente lembraria de todas para exemplificar aqui. Uma das mais absurdas é o suplente. O suplente é aquele padrinho de campanha ou algum aliado político que por colaborar com verba para eleição ou na picaretagem, ganha o direito e a possibilidade de sentar em uma das cadeiras de uma das casas sem ter recebido nenhum voto. Isso nas melhores das hipóteses, porque para alguns parlamentares é a conquista do paraíso! Parlamentar que se preste ou não indica o filho e assim fica tudo em família. Hereditário e vitalício - tem algo melhor. O Senador Lobão Filho ocupou nesta segunda feira, pela primeira vez, a tribuna do Senado. Anunciou, veja só, a apresentação de um projeto que modifica o modelo político que o conduziu ao Senado sem ter obtido um mísero voto. Para quem tem memória curta, vou refrescá-la. Lobão Filho ficou pendurado nas manchetes dos jornais durante semanas em situação constrangedora, acusado do uso de laranjas na comercialização irregular de meios de comunicação (opa, essa historia parece com a de um alagoano!). Lobinho esquivou-se das acusações pronunciando meia dúzia de palavras em sua defesa. Disse apenas que são “injustas” - e olha que a PF esta abarrotada de provas. Ninguém ousou a fazer qualquer tipo de pergunta constrangedora. Apenas Eduardo Suplicy foi ao microfone lembrar que ele também já havia apresentado um projeto semelhante.O outro foi João Ribeiro. Disse que não será fácil o filho substituir o pai e com o peito cheio de orgulho, afirmou que Lobão (pai) é um político brilhante e que agora assumiu com competência o ministério das Minas e Energia. Daria até para acreditar se Lobão não fosse padrinho de casamento de João Ribeiro. Acho que Ribeiro não viu as fotos que estampavam os jornais no dia seguinte à posse. Com o presidente Lula de cabeça baixa ao apertar a mão de mais um sapo que teve de engolir dos aliados.